segunda-feira, 9 de maio de 2016

Ervas de Poder




Ervas de Poder
Por Alexandre Cumino

Nas culturas primeiras, aborígines, também chamadas, pejorativamente, de primitivas, encontramos
largamente o uso de plantas alucinógenas. No entanto, para o aborígine (o índio ou xamã), geralmente essas
plantas, aqui identificadas como ervas, são consideradas “enteógenas”, ou seja, ervas que propiciam um
encontro com o sagrado.
O uso dessas ervas geralmente é feito dentro de uma esfera ritualística, envolta por seus dogmas e tabus.
Geralmente há nas tribos indígenas uma espécie de sacerdote que cuida da parte espiritual e medicinal da
comunidade, que em nossas tradições é chamado de Pajé, também considerado um xamã (palavra siberiana
para identificar o indivíduo que adentra a dimensão do sagrado por meio de técnicas de transe).
As ervas “enteógenas” são também chamadas ervas de poder, ou seja, aquelas que dão ao xamã a
condição de, em contato com o sagrado, ir além desta esfera material, palpável e tangível; transcendendo o
mundo material. Assim, entram em contato com as forças da natureza, com os espíritos da natureza, com o
espírito da erva, com os espíritos ancestrais, com os deuses, ou simplesmente adquirem uma percepção mais aguçada e abrangente desta realidade que nos cerca. Vendo o mundo de outra ótica, em que podem enxergar melhor os males que afligem a tribo ou um doente na tribo. Buscam em outra esfera, do sagrado, respostas que possam auxiliar (curar) o grupo ou um indivíduo. Saindo de si mesmo também se tornam grandes conselheiros, tendo a oportunidade de vencer o egocentrismo para entender o outro em suas dores, angústias e frustrações.
Estas ervas são consideradas sagradas pelos xamãs, costumam dizer que a profanação do sagrado pode
trazer dor à sociedade. Hoje essas ervas sagradas são comercializadas pelo homem moderno e pós-moderno como drogas e entorpecentes, que causam, na maioria das vezes, a dependência. Não se busca o sagrado, mas apenas fugir da realidade ou um pequeno prazer momentâneo. Toda a cultura ancestral, dos que descobriram o uso sagrado destas plantas, é descaracterizada, e mesmo eles que têm tanto respeito pela vida e pela harmonia da estrutura social são mal vistos pelo homem dito civilizado, que deturpou e profanou um dos elementos sagrados de sua cultura.
E foi assim que a folha da coca, sagrada nas culturas andinas, foi profanada e manufaturada na produção
de cocaína. A Canabis Ativa, vulgarmente conhecida como maconha, é erva sagrada para a religião Rastafari da Jamaica. O Fumo, tabaco, era sagrado para os índios das três Américas, o Europeu o descobriu, comercializou e fez dele um dos maiores males que afligem a sociedade. Na Amazônia, a Ayauaska (Daime) é uma planta sagrada de poder, assim como o Peiote na América Central e do Norte.
Ainda existem tribos onde a figura do xamã é presente, como na Cariri Choco, brasileira, onde o Pajé faz
uso da planta da Jurema como erva de poder. No entanto, há religiões que sincretizaram as ervas de poder e xamanismo com outras culturas e religiões fazendo nascer novas “igrejas”, onde, por exemplo, o cristianismo caminha lado a lado com as ervas de poder. E este é o caso, por exemplo, do Santo Daime no Amazonas que faz uso da Ayauaska, agora chamada de Daime, como erva de Poder ao lado de uma doutrina de influência cristã. O Catimbó do Pernambuco usa a bebida da Jurema também num contexto de sincretismo com o cristianismo. Da mesma forma, nos EUA existe o Peiotismo, no qual a presença do peiote de uso ancestral indígena convive com valores cristãos.
O Peiotismo tem uma ligação forte com a Gost Dance, que é de fato uma religião de oprimidos, dos
índios Norte Americanos, destacando o Chefe Siux Touro Sentado, que buscavam, através de um movimento profético, vencer os brancos conquistadores.

Quanah Parquer, fundador da Religião Americana do Peiote.
P.S.1: O Peiotismo surgiu em torno de 1880 em Oklahoma, com a presença das tribos Comanche e
Kiowas, numa condição de opressão dentro das reservas indígenas. Da mesma forma, surgiu a Gost Dance. Seu fundador foi Quanah Parker, um Chefe Comanche. O Peiotismo ainda sobrevive na “Igreja Americana Nativa”,
“Religião "oficial" de pelo menos 70 tribos indígenas nos Estados Unidos. "A Igreja Nativa Americana é
essencialmente uma doutrina oral, não há livros sagrados", diz Pablo Alarcón-Cháires, pesquisador da
Universidade Autônoma do México e um dos cerca de 300 mil membros da igreja.

P.S.2: O Tabaco também é uma erva de poder usada largamente e que se faz presente na Umbanda
justamente por suas qualidades como tal. Logo, Charuto, cachimbo e cigarro têm uso ritualístico e mágico,
nada têm a ver com apego à matéria ou vício. As entidades não a fumam, manipulam o fumo, seja para uma
defumação direcionada, um descarrego, limpeza ou oferenda.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O que é Orixá?

Orixá é um poder divino em si mesmo e realiza-se na vida dos seus
cultuadores como uma energia viva e divina capaz de realizar ações
abrangentes, modificadoras da vida do ser.
Orixá é o poder de Deus manifestado de forma “personificada” em que
um ente de natureza divina irradia continuamente esse poder que
concentra em si e doa graciosamente a todos que, movidos pela fé, a
ele recorrer religiosamente por meio de cantos e orações.
Já quem recorrer magisticamente a eles, aí é preciso outros
procedimentos para ativação do seu poder realizador.
Muitos são os poderes de Deus e muitos são os Orixás cultuados na
Umbanda.
Diferente do Candomblé Nagô, onde o sobrenome é designador da
qualidade do Orixá, na Umbanda cada sobrenome simbólico indica
uma entidade em si com sua hierarquia espiritual a manifestá-lo e trabalhar
incorporado durante as giras ou sessões de incorporação.
Ogum é o Orixá maior. Já Ogum Megê é o “Ogum dos Cemitérios”.
Ogum para todos, Ogum Megê para os trabalhos espirituais no terreiro
ou no cemitério.
Para um sacerdote dos Orixás na Nigéria, provavelmente é uma
heresia oferendar Ogum em um cemitério. Mas nós só oferendamos
Ogum Megê no cemitério, pois, para nós, ele é o ordenador ético e
moral dos procedimentos nos domínios de Obaluaiê e Omulu, os
donos do “Campo Santo”.
Logo, se é nesse campo que essa entidade atua, é nele que deve ser
firmado, oferendado e invocado magisticamente. Esses procedimentos
não fomos nós, os encarnados, que determinamos. Quem os ensinou e
ordenou que assim procedêssemos foi a espiritualidade que, aos se
manifestar em seus médiuns, indicava como deviam proceder.
Pouco a pouco, todo um novo conhecimento e uma nova forma de
cultuar e ativar os poderes dos Orixás nos foram sendo transmitidos
até que chegamos a um ponto em que precisamos limitar um pouco as
muitas possibilidades colocadas à nossa disposição pelos guias
espirituais.
Isto é Orixá na Umbanda: uma força e um poder colocados à nossa
disposição de uma forma diferente da já tradicional na Nigéria.
Como a Umbanda nasceu no Brasil e foi pensada no plano espiritual
por mentes evoluidíssimas, um novo modo e uma nova forma foram
tomando corpo e resultaram em uma nova religião.
Tal como o Cristianismo fez com o Velho Testamento: reescreveu-o
no Novo Testamento e está aí, há dois mil anos acolhendo e
sustentando religiosamente os seus seguidores.
Orixá é poder divino e pode ser adaptado a vários modos e formas de
culto e de magia.
Orixá gera religiões e magias porque é poder fundamentado em
Olorum, o nosso Divino Criador.
Não tenham dúvidas, se for preciso, eles criam novas formas de culto e
novos modos de ativá-los religiosa e magisticamente. Quando e onde
for necessário, lá surgirão uma forma e um modo específicos onde
seus fundamentos divinos, os naturais, os espirituais e os magísticos
estarão preservados e intactos porque são divinos, são sagrados e são
parte deles.
Na verdade, os seus fundamentos são imutáveis porque são suas
essências e suas qualidades religiosas e magísticas.
Concluindo, Orixás é poder divino colocado à nossa disposição e
alcance para recorrermos quando criam-nos ou criamo-nos
dificuldades que paralisam nossa evolução espiritual ou material. Ou

ambas!





As Características Dos Filhos De Iansã
Seu filho é conhecido por seu temperamento explosivo. Está sempre chamando a atenção por ser inquieto e extrovertido. Sempre a sua palavra é que vale e gosta de impor aos outros a sua vontade. Não admite ser contrariado, pouco importando se tem ou não razão, pois não gosta de dialogar. Em estado normal é muito alegre e decidido. Questionado torna-se violento, partindo para a agressão, com berros, gritos e choro. Tem um prazer enorme em contrariar todo tipo de preconceito. Passa por cima de tudo que está fazendo na vida, quando fica tentado por uma aventura. Em seus gestos demonstra o momento que está passando, não conseguindo disfarçar a alegria ou a tristeza. Não tem medo de nada. Enfrenta qualquer situação de peito aberto. É leal e objetivo. Sua grande qualidade, a garra, e seu grande defeito, a impensada franqueza, o que lhe prejudica o convívio social.
Iansã é a mulher guerreira que, em vez de ficar no lar, vai à guerra. São assim os filhos de Iansã, que preferem as batalhas grandes e dramáticas ao cotidiano repetitivo. 
Costumam ver guerra em tudo, sendo portanto competitivos, agressivos e dados a ataques de cólera. Ao contrário, porém, da busca de certa estratégia militar, que faz parte da maneira de ser dos filhos de Ogum, os filhos de Iansã costumam ser mais individualistas, achando que com a coragem e a disposição para a batalha, vencerão todos os problemas. 
São fortemente influenciados pelo arquétipo da deusa aquelas figuras que repentinamente mudam todo o rumo da sua vida por um amor ou por um ideal. Talvez uma súbita conversão religiosa, fazendo com que a pessoa mude completamente de código de valores morais e até de eixo base de sua vida, pode acontecer com os filhos de Iansã num dado momento de sua vida. 
Da mesma forma que o filho de Iansã revirou sua vida uma vez de pernas para o ar, poderá novamente chegar à conclusão de que estava enganado e, algum tempo depois, fazer mais uma alteração - tão ou mais radical ainda que a anterior. 
São de Iansã, aquelas pessoas que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio de uma festa, num acontecimento social, na casa de um amigo - e, o que é mais desconcertante, momentos após extravasar uma irreprimível felicidade, fazer questão de mostrar, à todos, aspectos particulares de sua vida. 
Os Filhos de Iansã são atirados, extrovertidos e chocantemente diretos. Às vezes tentam ser maquiavélicos ou sutis, mas, a longo prazo, um filho de Iansã sempre acaba mostrando cabalmente quais seus objetivos e pretensões. 
Têm uma tendência a desenvolver vida sexual muito irregular, pontilhada por súbitas paixões, que começam de repente e podem terminar mais inesperadamente ainda. Se mostram incapazes de perdoar qualquer traição - que não a que ele mesmo faz contra o ser amado. Enfim, seu temperamento sensual e voluptuoso pode levá-las a aventuras amorosas extraconjugais múltiplas e freqüentes, sem reserva nem decência, o que não as impede de continuarem muito ciumentas dos seus maridos, por elas mesmas enganados. Mas quando estão amando verdadeiramente são dedicadas a uma pessoa são extremamente companheiras. 
Todas essas características criam uma grande dificuldade de relacionamentos duradouros com os filhos de Iansã. Se por um lado são alegres e expansivos, por outro, podem ser muito violentos quando contrariados; se têm a tendência para a franqueza e para o estilo direto, também não podem ser considerados confiáveis, pois fatos menores provocam reações enormes e, quando possessos, não há ética que segure os filhos de Iansã, dispostos a destruir tudo com seu vento forte e arrasador. 
Ao mesmo tempo, costumam ser amigos fiéis para os poucos escolhidos ara seu círculo mais íntimo.